“O que te traz felicidade?”, ele perguntou.
Realizar um sonho. Pintar as unhas de vermelho. Beber suco de
melancia antes do prato principal chegar. Sentir o cheirinho do almoço sendo preparado na casa dos meus pais. Me identificar e grifar uma frase
legal em algum novo livro. Comer sozinha um cacho de uvas docinhas.
Biscoito de chocolate com brigadeiro. Pessoas sinceras que ao
invés de só dizerem o que pensam, agem como dizem. Casa arrumadinha e
chão limpo. Assistir e fotografar o pôr-do-sol. Quando dizem que meu
cabelo cresceu. Descobrir que não esqueci o fone de ouvido em casa.
Mensagem no meio da madrugada. Ter tempo de passar na livraria com
calma. Editar fotos antigas. O miado da Jade. Brownie com sorvete. Roda gigante. Ter ideias ao invés de
conseguir dormir. Observar a noite em São Paulo, mesmo que dentro de um
táxi. Final de semana sem compromissos marcados. Os agradecimentos do
livro. Acordar com a luz do sol e ouvindo passarinhos. Uma temporada
inteira de qualquer série durante a madrugada. Dizer coisas em silêncio,
com o olhar. Bichinhos de pelúcias. Aprender um passo de dança. Borboletas no estômago. Rodízio no restaurante japonês. Correr no parque. Passar a noite conversando com amigos. Cozinhar para quem eu gosto. Quando consigo confiar de verdade em alguém. Ouvir uma música
que traduz o que sinto. Ter dinheiro pra pagar as contas.
Posar pra fotos. Estampa de coração na vitrine. Colocar cílios
postiços de primeira. Escrever o último parágrafo de um texto. Dançar
sozinha na frente do espelho. Batom vermelho. Quando
estão falando uma língua que não conheço por perto. Cortar as unhas e
usar o teclado primeira vez. Quando alguém importante pra mim curte a
foto. Maquiagem impecável. Comprar coisas pra casa no Shopping. Quando alguém gosta
da minha chatice. Saltos. Viajar observando a estrada, no banco da
frente. Quando estou decidida. Todos os emails respondidos. Quando
decoro a letra da música. Aprendo alguma coisa nova que ajuda no
trabalho. Brigadeiro com morango. Beijo na testa. A ansiedade de viajar
para algum lugar novo. Quando abro a porta e vejo o quarto pela primeira
vez, nos hotéis. Dormir a viagem toda. Cama elástica. Quando estou só e
não me sinto sozinha.
“A paz”, respondi.
Eu sou aquela que vai te ligar quando sentir vontade. Ou te mandar mensagem sem nem pensar duas vezes. Eu sou aquela que vai recuar quando você me ignorar. Posso tentar uma ou duas vezes, e depois te mando à merda mentalmente. Eu sou aquela que não vai deixar de atender o telefone só para você imaginar o que eu estou fazendo, ou demorar 1 ano para responder sua mensagem, para você pensar que sou muito ocupada, e nem ao menos vou falar não em não te ver se no fundo quero falar sim. Porque eu sou assim, sou presente e sou entregue ao que sinto. Se eu não quiser falar com você eu não vou falar. Se eu quiser o que me impediria de falar? O orgulho? O medo de você me achar apaixonada demais? E qual o problema se eu realmente estiver? Todos falam, e isso é comprovado, que as pessoas querem o que não podem ter. Que jogar um pouco com o outro faz bem para relação, ou seja, você não pode estar 100% a disposição, a pessoa tem que sentir sua falta, tem que achar que tem vários homens aos seus pés para começar a dar mais valor. E eu vou querer ser valorizada a base de ciúmes? Não estou falando que tudo isso que eles falam é mentira, é a pura verdade, as pessoas infelizmente são assim. Mas eu não quero ter que entrar nessa onda porque é assim que o ciclo funciona. Eu quero ter a liberdade de fazer o que eu quiser na hora que eu quiser, sem ter que pensar se a pessoa vai gostar ou não, se a pessoa vai dar valor ou não. Sim, eu quero ser eu mesma, e me forçar a entrar nessas situações que eu não quero, é ter vergonha de ser quem eu sou. É tentar me mascarar para a pessoa ver o quanto eu pareço forte, decidida, segura. Eu sou um poço de indecisão e insegurança, mas me deixa quietinha com esses meus monstros que eu própria que terei que aprender a dribá-los. E se a pessoa não consegue conviver com esses meus defeitos, o que ela está fazendo ao meu lado? Algumas vezes entrei na onda e deixava o telefone tocar na minha cara e eu não atendia. Ou como meu dedo coçava para responder uma mensagem, e eu tinha que contar no relógio meia hora para responder. Para que? Me pergunta se estou com essa pessoa hoje? Não estou dizendo que devemos parar a nossa vida para ficar à mercê de alguém. Estou dizendo que você é livre para fazer o que quiser. Hoje em dia é feio ser vulnerável, é brega falar que ama e o certo a fazer é entrar no jogo do amor. Só que nessas você pode perder e sair machucado. E quem disse que se entregando você não sai machucado? Sai, mas você não perde a si mesmo, porque você foi você mesma todo esse tempo. Eu procuro o amor e não um desafio. E se eu tiver que ficar sozinha por isso, tudo bem, não será a primeira vez.