quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A cura



Acostume-se com o fato do amor estar em tudo. Na fila de um banco, na padaria ou dentro das escolas. Você vai encontrar o amor quando ver um jovem casal sorrindo ao caminhar de mãos dadas ainda com o uniforme do colégio, vai percebê-lo quando um neto der o lugar a sua avó no ônibus ou quando um pai abraçar ternamente a filha que sentou-se em sua coxa e fielmente acreditou que aquele era o lugar mais confortável do mundo. Não adianta você negar e dizer que não confia ou não acredita no amor. Porque aquele bolo de chocolate que sua mãe fez para arrancar-lhe um sorriso é puro amor. Porque aquela vez em que seu melhor amigo bateu a porta do seu quarto chateado por algo que você disse sem pensar, aquilo também era amor. A lágrimas que você derramou e só o seu travesseiro conseguiu absorvê-las também era amor. A questão não é o que machuca e sim o que cura. Se tem uma frase que faz sentido na minha cabeça, sem dúvidas, é que o amor cura. Porque é o que ele faz. Não digo homem e mulher, cama e edredom. Esse ai também cura, mas é outra história. Eu falo sobre aquele beijo no joelho que sua mãe dava e prometia sarar. Eu digo sobre o abraço terno de uma tia que se preocupa de verdade com você ou por amigos que são capazes de ficar na sua casa em um sábado de verão pelo simples fato de você não poder sair porque aquela sinusite atacou e você não consegue andar de dor de cabeça. Esse é o amor que cura. Cura feridas, sinusite, sábados tediosos e domingos duas vezes mais. É o amor que cura os outros amores que vacilaram e se perderam. É o acreditar outra vez que te faz amar. Não me entenda mal, isso não é mais um discurso de positivismo para você levantar da cama e recomeçar sua vida. Isso é mais um discurso para te acostumar com a verdade. Não dá pra fugir do amor que sua mãe coloca na comida que ela faz, logo não é possível fugir de algo que você tem tentado fugir. Você tem gastado suas forças de forma errada, desculpa pela sinceridade, mas não vai rolar. Bate de frente e aceita que as doses diárias que você recebe estão por toda parte e é mais fácil baixar a guarda do que levantar muralhas que depois vão te dar um trabalhão para serem derrubadas. Todas as vezes que eu resolvi negar, me arrependi. Todas as vezes que tentei lutar contra algo que chega e bate o pé dizendo que vai ficar e não tem quem tire, eu perdi. Não dá pra lutar com a verdade e com o instinto: você nasceu sim para viver um grande amor. Por mais errado que tudo tenha dado, por mais errada que sua história possa parecer, ainda assim, existe amor nela. E sempre vai existir. Abre os olhos, veja quantos atos de amor você recebe durante as 24 horas do seu dia. Digo e repito que o amor cura porque me curou. Porque me cura todos os dias e eu faço questão de deixar com que ele seja o melhor remédio de todos e sem contraindicações.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Tenho um arco íris em você..


Se gosto de alguém, todas os outros ficam em preto e branco e sem sal. Como se daltonismo não fosse um problema da vista, mas, sim, uma mensagem que o coração manda quando já está ocupado pelas cores de alguém.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Não

Não segure minha mão, se você não me reerguer quando eu cair no mundo. Não me pegue em casa, se você não quiser aderir à rota inconstante da minha rotina. Não elogie meu cabelo, se você toca tantos outros por aí, e muito menos meu bom gosto ao vestir, se você não souber valorizá-lo com a devida honra. Não ligue para saber se cheguei bem, se quando você chega em casa, recebe ligações de outras vozes femininas. Não me chame de linda, se você costuma pegar coisa pior por aí. E muito menos de querida, se você não me estimar realmente como algo a mais que amiga sua.

Não construa planos, quando o que você quer é viver com seus amigos, e nem plante sonhos em meu jardim, se você não pretender regá-lo com freqüência. Não me apresente como amiga, se acordo ao teu lado em manhãs cinzentas. Não projete em mim todos os seus medos irreais, caso você não queira realmente saber das minhas fraquezas, dependências, e defeitos. Não me ofereça seu casaco, se sua intenção não for a de me aquecer toda por dentro. Não suma repentinamente, se não quiser ser riscado por completo do meu enredo. Não me convide para viajar para a praia, se você não mantém nem ao menos a promessa de me levar para jantar.

Não tire meu sossego, se não é você quem irá me devolvê-lo mais tarde quando preciso, e não mostre ser o máximo, se tudo que você puder me dar de si, é o mínimo. Não adianta de nada essa sua altura, se você faz questão de jogar baixo, e nem usar o melhor perfume do mundo, se é só o cheiro e na verdade você também joga sujo.

Não se faça de vítima, se quem está no alvo do tiro, na verdade, sou eu. Não me coloque em pedestal nenhum, se sua pretensão não é de me alcançar e salvar a vida, qualquer dia.
Não faça bater mais forte meu coração, se quando perto do enfarte, você não construir a ponte safenada capaz de me livrar da loucura e da enfermidade. Não jure amor eterno, se sua eternidade for somente até amanhã.
Não me chame de princesa, se quando você for coroado rei, outra rainha for sentar-se ao seu lado. Não me dê flores, se sua vontade, assim como a das plantas, também murchar. Não abra a porta do seu carro, se você não estiver ali de pé, em frente à mim, de coração aberto. Não me mande cartas, se você nem ao menos tem interesse em saber onde eu moro.
Não me furte o fôlego, se não for para continuar me beijando. Não saque minhas roupas, se você não quiser também despir meus sonhos e aspirações. Não demonstre todo um sentimento, se quando com seus amigos e família, ele não parece existir. E não seque minhas lágrimas, se algum dia você também as fizer correr pelo meu rosto.

Não.