Não
segure minha mão, se você não me reerguer quando eu cair no mundo. Não
me pegue em casa, se você não quiser aderir à rota inconstante da minha
rotina. Não elogie meu cabelo, se você toca tantos outros por aí, e
muito menos meu bom gosto ao vestir, se você não souber valorizá-lo com a
devida honra. Não ligue para saber se cheguei bem, se quando você chega
em casa, recebe ligações de outras vozes femininas. Não me chame de
linda, se você costuma pegar coisa pior por aí. E muito menos de
querida, se você não me estimar realmente como algo a mais que amiga
sua.
Não
construa planos, quando o que você quer é viver com seus amigos, e nem
plante sonhos em meu jardim, se você não pretender regá-lo
com freqüência. Não me apresente como amiga, se acordo ao teu lado em
manhãs cinzentas. Não projete em mim todos os seus medos irreais, caso
você não queira realmente saber das minhas fraquezas, dependências, e
defeitos. Não me ofereça seu casaco, se sua intenção não for a de me
aquecer toda por dentro. Não suma repentinamente, se não quiser ser
riscado por completo do meu enredo. Não me convide para viajar para a
praia, se você não mantém nem ao menos a promessa de me levar para
jantar.
Não
tire meu sossego, se não é você quem irá me devolvê-lo mais tarde
quando preciso, e não mostre ser o máximo, se tudo que você puder me dar
de si, é o mínimo. Não adianta de nada essa sua altura, se você faz
questão de jogar baixo, e nem usar o melhor perfume do mundo, se é só o
cheiro e na verdade você também joga sujo.
Não
se faça de vítima, se quem está no alvo do tiro, na verdade, sou eu.
Não me coloque em pedestal nenhum, se sua pretensão não é de me alcançar
e salvar a vida, qualquer dia.
Não
faça bater mais forte meu coração, se quando perto do enfarte, você não
construir a ponte safenada capaz de me livrar da loucura e da
enfermidade. Não jure amor eterno, se sua eternidade for somente até
amanhã.
Não
me chame de princesa, se quando você for coroado rei, outra rainha for
sentar-se ao seu lado. Não me dê flores, se sua vontade, assim como a
das plantas, também murchar. Não abra a porta do seu carro, se você não
estiver ali de pé, em frente à mim, de coração aberto. Não me mande
cartas, se você nem ao menos tem interesse em saber onde eu moro.
Não
me furte o fôlego, se não for para continuar me beijando. Não saque
minhas roupas, se você não quiser também despir meus sonhos e
aspirações. Não demonstre todo um sentimento, se quando com seus amigos e
família, ele não parece existir. E não seque minhas lágrimas, se algum
dia você também as fizer correr pelo meu rosto.
Não.
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