A verdade é que desde sempre foi
complicado entender o que eu sinto, mas eu sempre tentei descrever em
palavras para que, quem sabe alguém mais ou menos desocupado do que eu,
pudesse entender por mim.
A vida bateu na minha cara, muitos dias
seguidos, sem poesia nenhuma que era pra me deixar sem vontade alguma de
abrir os olhos. Só que os olhos são meus e cabe a mim saber até onde é
bom enxergar, mesmo que sejam só coisas ruins que não vão me dar o
sorrisinho que eu tenho que carregar todas as manhãs. Assim como tudo na
vida, amores e amigos vêm e vão e, fico aqui perguntando baixinho, quem
sou eu então pra decidir que os meus não deveriam ir?
Não adianta mais prometer que será pra
sempre. Eu não quero promessas. Promessas criam expectativas e
expectativas borram maquiagens e comprimem estômagos. Eu não quero dor.
Eu não quero olhar no espelho e ver você escorrer, manchando minha
maquiagem.
É pelo medo de cair de novo que meus
joelhos tremem. Eu quero, no mínimo uma garantia. E eu só preciso me
desfocar do sonho que me deixa míope e enxergar além, ou melhor:
enxergar o que está na minha cara. Antes de dormir rezei, pedi a Deus
que perdoe tanta ingratidão de minha parte, por não enxergar tudo de bom
que a vida me oferece, e continuar aqui me lamentando e fazendo tudo
por você.
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